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ANÁLISE DOS CARTAZES
ANÁLISE DOS CARTAZES

 análise dos cartazes do manifesto

            Em diálogo com os alunos propusemos uma análise dos cartazes que fizeram parte dos manifestos sociais de junho de 2013. Ficou combinado que observaríamos vários dos cartazes em âmbito nacional. Cada grupo estava responsável em apresentar 5 cartazes para escolha de um. Como foram quatro grupo com 6 pessoas cada, totalizamos 20 cartazes. Para o processo de escolha, definimos que:

  • Deveria está relacionado a um fato contemporâneo que relacionasse não só o local, mas toda a esfera nacional;
  • Sensibilizar e formar o ator/agente crítico capaz de modificar a realidade social;
  • Cartaz com retórica que propagou-se em todas as mobilizações sociais e que refletissem os anseios das demandas populares.
  • A partir da análise linguística-discursiva produzir artigos que expusesse os argumentos a respeito do tema e postar os mais significativos no site https://manifestos-sociais-brasileiros.webnode.com/.

            Assim, após a formação dos grupos, foi incubida a tarefa de seleção dos 20 cartazes para a seleção dos 4 para análise linguístico-discursiva. Preferiram realizar esta etapa em outras esferas de atividade humana, pois teriam mais tempo e organicidade para elaborar as telas de apresentação. O prazo foi definido para uma semana. Na apresentação dos slides, foram discutidas as imagens com uma breve análise em um sentido mais discursivo. A apresentação durou toda a aula e ao final foram selecionados os cartazes conforme os critérios definidos:

Grupo A: cartaz – “Saímos do facebook”

Grupo B: cartaz – “Deseja formatar o país? Ok/cancelar”

Grupo C: cartaz – “Queremos escolas padrão Fifa”

Grupo D: cartaz – “Reforma política já”

Após a seleção dos cartazes para cada grupo, ficou combinado que ampliariam o nível de análise, com pesquisas mais profundas e fundamentação teórica. O educador teria o papel de orientador e acompanhar o processo de pesquisas e  referências textuais.

 

 

 

 

 

 

Práticas discursivas e esfera social discursiva no cartaz de protesto

            Práticas discursivas tem como centro de reflexão a linguagem com sua força histórica, social afetiva, estética e transformadora. Portanto as práticas discursivas envolvem produção verbal, visual ou verbo-nominal, necessariamente inserida em determinada esfera, a qual possibilita e dinamiza a sua existência, interferindo diretamente em suas formas de produção, circulação e recepção.  Para Brait (2013) é necessário que se tome como objeto de análise enunciados concretos, isto é, textos que podem estar constituídos por uma palavra, um conjunto de palavras, palavras associadas a um projeto visual, ou seja, constitutivas de um projeto verbo-visual, que são consideradas enunciados concretos porque são enunciadas e recebidas a partir de determinadas esferas discursivas, ideológica, nesse sentido, cada um dos enunciados concretos escolhidos, cada um dos textos pertencentes a determinada esfera sinaliza e engendra determinadas relações dialógicas que apontam para uma exterioridade, para o extraverbal.  Isso significa que no estudo do gênero cartaz é importante que o considere como um objeto múltiplo, um objeto que envolve sujeitos múltiplos e que, para a produção de sentidos e efeitos de sentido, exige que esses sujeitos assumam determinados lugares discursivos e façam circular diferentes discursos a partir desses lugares. Assim para a análise do discurso dos cartazes dos manifestos no Brasil, a linguagem deve ser estudada não só em relação ao seu aspecto gramatical, exigindo de seus usuários um saber linguístico, mas também em relação aos aspectos ideológicos e sociais que se manifestam através de um saber socioideológico. Para a análise do discurso, o estudo da língua está sempre aliado ao aspecto social e histórico.

            O artigo de Helena Brandão (2013 p. 31-32) Discurso, gênero e cenografia enunciativa descreve que de acordo com os princípios da AD, podemos dizer que o sujeito do discurso apresenta as seguintes características:

  • É essencialmente marcado pela historicidade. Isto é, não é o sujeito abstrato da gramática, mas um sujeito situado na história da sua comunidade, um tempo e um espaço concreto;
  • É um sujeito ideológico, isto é, sua fala reflete os valores, as crenças de um momento histórico e de um grupo social;
  • Não é único, mas divide o espaço do seu discurso com o outro, na medida em que orienta, planeja, ajusta sua fala, sua atividade enunciativa, tendo em vista seu interlocutor e também porque dialoga com a fala de outros sujeitos (interdiscursividade).
  • É polifônico, porque na sua fala outras vozes também falam; o sujeito do discurso se forma, se considera, se constitui nessa relação com o outro, com a alteridade. Assim, da mesma forma que tomo consciência de mim mesmo na relação que tenho com os outros, o sujeito do discurso se constitui, se reconhece como tendo uma determinada identidade na relação com outros discursos produzidos, com eles dialogando, comparando pontos de vista, divergindo.

            Assim, para produzir/compreender e analisar um texto são necessários não só conhecimentos linguísticos (conhecer o vocabulário, a gramática da língua – suas regras morfológicas e sintáticas), mas também conhecimentos extralinguísticos (de mundo, enciclopédico, históricos, culturais, ideológicos de que trata o texto) que permitirão dizer a que formação discursiva pertence e a que formação ideológica está ligado. Outro aspecto a se observar é a relação complementar entre o semântico e o semiótico, pois ao semiótico se agrega a noção de compreensão, que é do semântico.

A ordem semiótica da língua abriga formas cuja significação é distintiva. A ordem semiótica implica reconhecimento, ou seja, pertence à língua. Sendo a ‘maneira de ser’ é a esfera das relações sintagmáticas. O semântico caracteriza-se, então, como campo das conexões. Sua unidade, assim, é a frase. O semântico é o campo do discurso. O sujeito, ao tomar a palavra, se insere na língua, dela se apropria, reconhece signos e, com eles, constitui a frase. Flores et al (2013:70)