Grupo B: cartaz – “Deseja formatar o país? Ok/cancelar”
A análise de discurso crítica interessa-se pelas condições sociais do discurso, e principalmente, por questões de poder e abuso de poder. É essencial que se tenha acesso ao contexto como um todo e em toda a sua complexidade, para entender de que modo o poder se relaciona com o texto e com a fala, de que modo o discurso reproduz a estrutura social. Dijk (2012) No capítulo Esquemas de contextos e suas categorias, do livro Discurso e Contexto – uma abordagem sociocognitiva, Dijk (2012, p.113-114) esquematiza um modelo de contexto muito simples: Ambiente Tempo/Período, Espaço/lugar/Entorno; Participantes; O Eu-mesmo ( estrutura de participação, tipos de papéis sociais, ser membro de um grupo ou identidades, relações entre os participantes, crenças e conhecimentos compartilhados e sociais, intenções e objetivos); Ações/Eventos comunicativos ou de outra natureza. É essencial que se verifique em uma análise linguístico-discursiva como os participantes analisam e representam os entornos e as situações sociais em geral, pois na construção de seus modelos de contextos subjetivos e coletivos há capacidades gerais de compreensão, crucial em nossa vida cotidiana. No livro Discurso e Poder, Dijk (2012, p. 220) afirma:
Quando fazemos análise de discurso como análise social, nós nos envolvemos com estruturas de organização, controle e poder vastamente complexas, das quais a fala e a escrita pública podem ser apenas uma de muitas outras práticas sociais a serem examinadas. Além do mais, um estudo crítico de organizações complexas e poderosas tem seus próprios problemas metodológicos, por exemplo, limitações sérias de acesso. Dessa forma, podemos analisar criticamente uma notícia ou um editorial público, partido político ou a publicidade de uma empresa, mas raramente teremos acesso ao tipo de interação discursiva que ocorre no topo; uma reunião da cúpula do governo, a reunião editorial de um jornal, uma reunião dos líderes de um partido político ou as deliberações dos diretores de uma empresa.
Após os primeiros atos de manifestos no Brasil, em junho de 2013, as autoridades, em todos os níveis, sentiram-se pressionados. Afinal, estamos em uma democracia e o poder emana do povo e os governos deveriam refletir a vontade popular. Fora desmascarado, durante e após os protestos, a grande distância entre as ruas e o poder público. Como já discutido, em 24 de junho, a presidente Dilma Rousseff propôs a governadores e prefeitos “cinco pactos”, tratando da educação (destinação dos recursos da exploração de petróleo), saúde (mais investimentos na estrutura e contratação de médicos estrangeiros), transporte urbano (mais metrô e ônibus), além de um compromisso de respeito ao teto dos orçamentos públicos, com vistas a manter o controle da inflação. O quinto ponto, porém chamou a atenção: um plebiscito popular para instituir uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. A lógica seria se a população não confia em seus atuais representantes no Congresso Nacional, teria a possibilidade de eleger outros especificamente para reformar as instituições nacionais. Uma pesquisa do DataFolha feita cinco dia depois apurou um apoio de 73% dos entrevistados à ideia de Constituinte exclusiva. Assim, ela não prosperou no Congresso, a quem a presidente enviou a proposta para que fosse oficializada. Os parlamentares não abriram mão de seu poder para legislar: recusaram a constituinte, bem como o plebiscito para alterar regras das eleições de 2014.
Inflação é a elevação dos preços de produtos e serviços, que resulta na diminuição do valor de compra do dinheiro. A variação dos preços é medida regularmente por meio de indicadores, que acompanham a variação de preços de diversos produtos e serviços relevantes no consumo popular. A inflação sempre existe, mesmo com índices muito pequenos. Quando o indicador é negativo, chama-se deflação. Fonte: Atualidade vestibular 2013 – editora Abril. |
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/alpino/dilma-anuncia-5-pactos-em-resposta-aos-protestos-135307886.html
A constituição (também chamada de Constituição Federal (CF) no caso de uma Federação, Constituição Política,1 Constituição da República no caso de uma República, Constituição Nacional, Lei Fundamental, Lei Suprema, Lei das Leis, Lei Maior, Magna Carta, Carta Magna, Carta Mãe, Carta da República, Carta Política, Texto Magno ou Texto Constitucional) é um conjunto de normas do governo, que pode ser ou não codificada como um documento escrito, que enumera e limita os poderes e funções de uma entidade política. Essas regras formam, ou seja, constituem, o que a entidade é. No caso dos países (denominação coloquial de Estado soberano) e das regiões autônomas dos países, o termo refere-se especificamente a uma Constituição que define a política fundamental, princípios políticos, e estabelece a estrutura, procedimentos, poderes e direitos, de um governo. Ao limitar o alcance do próprio governo, a maioria das constituições garantem certos direitos para as pessoas. O termo Constituição pode ser aplicado a qualquer sistema global de leis que definem o funcionamento de um governo, incluindo várias constituições históricas não-codificadas que existiam antes do desenvolvimento de modernas constituições. |
Quando se fala de Constituinte, o assunto são as instituições que dão forma ao estado brasileiro, cujas regras principais estão dispostas na constituição – a atual é a de 1988, elaborada após o fim do regime militar. Ela organiza a relação entre os poderes da República: executivo, Legislativo e Judiciário. Os poderes são independentes, mas interferem limitadamente uns nos outros. O Legislativo pode destituir o presidente da República, que é o chefe do Executivo. O Judiciário pode considerar inconstitucional uma lei criada pelo Legislativo e anulá-la. O Executivo, por sua vez, pode criar leis, como as Medidas Provisórias (MPs), coloca-las em prática e só depois enviá-las ao Congresso para apreciação. Fonte: Atualidades Vestibular – 2013 - abril |
Grupo C: cartaz – “Queremos escolas padrão Fifa”
Dentro do estádio, torcedor ergue cartaz: 'Queremos escola padrão Fifa' Fonte:
Um dos sintomas da crise institucional neste ano foram as rusgas entre os três poderes. O Supremo Tribunal Federal (STF), órgão máximo do Judiciário, tomou nos últimos tempos decisões que interferiram sobre regras para demarcação de terras indígenas (questão do Legislativo) e o julgamento do mensalão (afetou o Executivo). Parlamentares e governantes acusaram o STF de invadir seu espaço e de praticar a “judicialização da política”, ou seja, tentar resolver questões políticas em fóruns judiciais, que não foram eleitos para tanto. Receberam como respostas críticas pela falta de regulamentação de dispositivos da Constituição – obrigação do Legislativo – 25 anos após sua promulgação, o que dá espaço a vazios na legislação que acabam preenchidos pela interpretação dos juízes nas disputas legais. Mais informações sobre demarcações de terras indígenas através do artigo STF nega suspensão de PEC que muda demarcação de terra indígena de Mariana Oliveira, do G1, em Brasília pelo site: https://www.srb.org.br/noticias/article.php?article_id=6879 e Julgamento do mensalão pelo site: https://g1.globo.com/politica/mensalao/ com a hipertextualidade por meio de imagens, cronologia, vídeos, notícias e outros links que retratam todo o processo do mensalão.
A partir dessas informações o grupo b contextualizou a imagem 2 através do processo histórico contemporâneo do Brasil em Junho de 2013, quando a efervescência estava em alta. A imagem retirada do site https://www.eitapiula.com.br/eitapiulanet/manifestacoes-brasil-2013-os-cartazes-mais-criativos-inteligentes-e-exoticos mostra por Lady Kafka em 26/06/2013 às 21:05 a coletânea dos cartazes mais divertidos dos manifestos sociais no Brasil, conforme sua opinião. O enunciado do cartaz “Deseja formatar o país?Ok/cancelar” associa uma semiose/semântica entre a língua verbal e a não verbal à enunciação do discurso (eu-tu-este-aqui-agora) representando a imagem de uma consulta popular perante um plebiscito, sobre uma cadeira que representa a urna. Temos a escolha entre o “ok”(sim) e o cancelar, mas sem a possibilidade da escolha do “não”, representando assim uma direção única, pois a consulta perante a população representa uma falsa democracia, ou seja, algo já definido por seus representantes. A seta representa o direcionamento e aponta para o “ok”. Quem exige essa resposta é a população, sem convicção política e partidária.
A enunciação representa o desejo por mudanças, as redes de mobilizações sociais e as novas tecnologias convocam a população em geral para vá às ruas e mude, radicalize e transforme o país. A seta direcionada pelo mouse representa que os jovens não estão mais sentados ao ‘sofá” ou “cadeiras” acomodados perante as mobilizações que ocorrem em todo território nacional. A mudança parte através das redes sociais e se concretiza nas ruas entre toda população com anseios de colocar o país no eixo e reivindicar por demandas sociais. Nesse aspecto Figaro (2012) declara que o texto só é compreendido como discurso no contexto de uso, em diálogo com a corrente de discursos à qual pertence. Outro fator importante descrito pela autora refere-se aos aspectos definidores de texto, enunciado e discurso em que define elementos mais complexos ao processo comunicativo, tais como: “o sujeito(enunciador), a situação/contexto de fala e a relação desse contexto com outros no entorno, o tema e seu destaque em determinada conjuntura, a relação de forças entre os discursos que circulam na sociedade, no tempo e no espaço da história e da memória”. Figaro (2012).
O cartaz tem como suporte papel cartolina a qual não se identifica a cor, pois a foto está em preto e branco, cromatismo que representa o luto, aspectos negativos referentes à situação do país naquele período e o branco representa a paz, o desejo de tranquilidade e serenidade. O momento será de luta, revolução e transformação com o objetivo de mudanças para toda a população brasileira. O espaço da foto está situado em um ambiente fechado, provavelmente a casa onde foi escrito o gênero, demonstrando a simplicidade e humildade do sujeito do discurso, que ora encontra-se descalço e com a mão sobre o cartaz em consonância ao desejo de mudanças ao direcionar o “ok”, que é uma linguagem típica do português falado pertencente a todos os níveis sociais, mas seu uso na “variação padrão” fica restrito a tipos específicos de textos, principalmente a narração. Conforme o site https://pt.wikipedia.org/wiki/OKO.K." é uma expressão de origem desconhecida e etimologia muito discutida”. Equivale à expressão em português "Está bem!" e suas derivações. A primeira vez que apareceu o acrônimo O.K. foi no dia 23 de Março de 1839 no jornal "Boston Morning Post", cuja autoria é atribuída ao seu editor Charles Gordon Greene. Ainda se discute sobre a etimologia da expressão, tendo diversas origens:
Origem alemã - a etimologia da palavra é muito discutida. Muitos estudiosos acreditam que é uma deformação da expressão AllCorrect (por "OllKorrekt"), que quer dizer "tudo está correto", cuja origem provavelmente remonta à expressão Olleskloer do baixo alemão..
Origem Indígena norte-americana - também se acha que provem de okeh que na língua nativa americana Choctaw significava "sim".
Origem afro-americana - outras teorias indicam que OK pode ter uma origem africana e que foi levada para os EUA pelos escravos provenientes daquele continente, o que deriva da forma de afirmação latina hoc ille ou do occitano oc que significa "sim".
Origem grega - outra fonte possível para o OK pode ser a expressão grega transliterada a seguir: ollakalá, que significa tudo bem.
Origem norte-americana - diz outra teoria que a expressão "OK" tenha se originado dentro dos quartéis militares durante a Guerra da Secessão. Quando as tropas voltavam para os alojamentos depois de um dia de batalha sem a morte de nenhum militar, era exposto um grande painel com os caracteres "0K", que significava "0Killed", (que em português quer dizer zero mortos) que era um bom sinal, pois após um dia inteiro não havia mortos, por esse motivo foi traduzido como "tudo bem".
Expressão Americana - segundo Vance Packard, em seu livro "Nova técnica de convencer", Editora Ibrasa 1965, a expressão "OK" teria sido usada durante a guerra pelos soldados americanos, quando na conferência das baixas do dia, dizia-se está tudo OK, ou seja, referencia a Zero ("O") Killed ("k"), portanto sem baixas ou mortos. O sinal é também expresso pelo gesto de encostar a ponta do dedo indicador na ponta do polegar da mesma mão, enquanto mantém-se os demais dedos abertos.https://pt.wikipedia.org/wiki/OK
Conforme a etimologia da palavra em várias línguas a expressão significa sim, e conforme origem norte-americana está relacionada aos períodos e guerra pelos soldados, representando a ausência de mortos. A expressão tem uma representatividade global, envolvendo tanto a cultura grega, o berço de toda a civilização quanto aso aspectos culturais da humanidade, tanto aos países americanos em sua influência afro-indígena. “Ok” representa, assim, toda a população brasileira em seus aspectos sociais, culturais, econômicos e principalmente étnico quanto à consciência em entender as verdadeiras intenções do plebiscito quanto ao momento em lutar por seus direitos e reivindicações. É hora de mudanças. No site https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-07-02/entenda-os-cinco-temas-do-plebiscito-propostos-por-dilma-sobre-reforma-politica.htmlentenda os cinco temas do plebiscito propostos por Dilma sobre reforma política e a reportagem da revista Veja Os interesses do PT e o lado oculto do plebiscito de Dilma:Presidente usa impulso dos protestos nas ruas para tentar emplacar uma perigosa reforma política que o PT fracassou em implementar no Congresso de Gabriel Castro, Cecília Ritto e Marcela Mattos em https://veja.abril.com.br/noticia/brasil/os-interesses-do-pt-por-tras-do-plebiscito-de-dilma . Com pontos de vista opostos analisam-se as intenções dos autores quanto à argumentação e intenção em relação ao tema proposto.
“(O plebiscito) É um instrumento popular para legitimar governos e conferir aos governantes superpoderes, um cheque em branco para que o governante dê o significado à autorização dada pelo povo nas urnas. Isso pode manietar o povo”, Gustavo Binenbojm, professor de Direito Administrativo e Constitucional da UERJ e da FVG. Fonte:https://veja.abril.com.br/noticia/brasil/os-interesses-do-pt-por-tras-do-plebiscito-de-dilma
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Conforme o cartaz da análise, espera-se que toda mobilização social tenha um objetivo em comum: formatar e reestruturar o país por meio de ações individuais e de interesses em comuns, mesmo não sendo organizadas por associações civis, os movimentos sociais foram agrupados por blocos de interesses que conformeGohn (2013), são:
Mesmo com a falta de organização e lideranças políticas espera-se que haja a conscientização de massa por meio da internet, principalmente pelas redes sociais e assim, possam confeccionar e criar seus próprios cartazes com frases que expressem seus anseios perante as circunstâncias políticas do contexto atual. A análise de discurso crítica interessa-se pelas condições sociais do discurso, e principalmente, por questões de poder e abuso de poder. É essencial que se tenha acesso ao contexto como um todo e em toda a sua complexidade, para entender de que modo o poder se relaciona com o texto e com a fala, de que modo o discurso reproduz a estrutura social. Dijk (2012) em sua obra Discurso e contexto – uma abordagem sociocognitiva, afirma que os contextos são como as outras experiências humanas e que a todo momento e em toda situação essas experiências definem como vemos a situação recente e como agimos nela. Para que se possa analisar o cartaz em uma situação linguístico-discursiva é essencial compreender o texto e a conversação que envolvem o cotexto e contexto dessas falas, abrangendo categorias como as identidades e os papéis dos participantes, o lugar, o tempo, a instituição, as ações políticas e o conhecimento político, entre outros componentes.“ Não compreendemos corretamente os fenômenos complexos sem compreender seu contexto” Dijk (2012).Assim, quanto mais altos e influentes os discursos menos eles se mostram públicos e acessíveis para um exame crítico. Mostram-se como uma manifestação material (verbal e semiológica) da encenação de um ato de comunicação, numa situação dada, para servir de projeto de fala e escrita.
O verbo é imprescindível para que a comunicação se concretize em sua plenitude. “Deseja formatar” é uma expressão verbal que denota comando, pedido por parte do sujeito do discurso que ocupa um lugar social, que, a partir desse espaço, enuncia, sempre inserido no processo histórico que lhe permite determinadas inserções e não outras. Ao lado das noções de tempo, modo, pessoa, número e voz, as formas verbais expressam certas peculiaridade de sentido, os aspectos, que tornam tão especial esse fenômeno gramatical que é o verbo. O enunciador do discurso insere-se em um contexto histórico, com um determinado ponto de vista, com um determinado objetivo social. Em um discurso histórico em que a construção de sentidos tem como limite o real. A história se faz com o homem inteiro e não com o pedaço de um homem. É com classes sociais em movimentos, em permanente disputa pela hegemonia, mas com todas elas e não só com aquela que é alfabetizada e tem condições de deixar o documento no arquivo. Boccega (apud Goldmann, 1967) afirma que não se trata apenas de relacionar fatos históricos constituídos, mas também de constituí-los, estudando a rede de relações do período, transformando os fatos “em si” em fato “para nós”. Os domínios se inter-relacionam e têm como pano de fundo a totalidade. Trata-se da questão da relação. Da rede e da inter-relação. A expressão verbal “deseja formatar” tem como propósito enunciativo a função conativa, centrada no receptor da mensagem (tu) que se interaciona ao ato comunicativo de permissão a um ato social. As classes sociais, com interesses muitas vezes opostos, se inter-relacionam, em sua luta permanente pela hegemonia ou interesses em comum. Esse movimento da sociedade é o que interessa efetivamente à História e deveria embasar o discurso do comunicador. Para tanto o comunicador deve ter formação bem mais ampla, no bojo do qual as tecnologias são resultados a serem usados de acordo com a critica à sociedade de que ele é capaz. De acordo com Vargas (apud Benveniste,1976) o sujeito do discurso compreende as relações que o sujeito mantém com o contexto situacional de comunicação em que se encontra; abrange os procedimentos de discursivização, os saberes, as opiniões e crenças que esse sujeito possui e que supõe serem compartilhadas por seu interlocutor.
A subjetividade essencial da expressão linguística implica, portanto, que se considerem os processos sempre como são concebidos pelo falante, e não necessariamente como se dão, na realidade. Sendo assim, conforme bem esclarece Vargas (apud Costa, 1990:.29), em relação ao aspecto, “ a produção do enunciado parece mais adequadamente analisada a partir de um enfoque ligado ao maior ou menor grau de expressividade de que o falante quer carregar o seu enunciado”. Vargas (2013, p.135) considera que embora essa categoria se situe como uma categoria verbal, sofre influência dos mais diversos elementos frasais. Assim o aspecto caracteriza-se como um fenômeno que depende do contexto não só linguístico, mas também do extralinguístico.
A expressão verbal “deseja formatar” encontra-se na 2ª pessoa do singular do modo afirmativo. Podemos reconhecer que a enunciação é direcionada ao interlocutor da mensagem em forma de incitar seu receptor a praticar ou não praticar a ação expressa pelo verbo. A maneira pelo qual expressamos nosso pensamento revela nossas intenções de persuadir, de modificar a realidade, de emitir certezas ou suscitar dúvidas, enfim, de agir de algum modo sobre nossos interlocutores. As formas verbais que selecionamos ao expressar-nos certamente contribuem para que essas modalidades de significação se concretizem. O sujeito do discurso é um ser que ocupa um lugar social e que está inserido no processo histórico, no caso as manifestações ocorridas em junho de 2013, suas causas e perspectivas. Com estratégias de argumentação, quem produz o enunciado procura guiar o interlocutor para o que quer fazê-lo admitir, com esse propósito, o falante/enunciador opta por certas variações na expressão do pensamento, ou seja, adota certo estilo. Usa expressões particulares para caracterizar um meio, o lugar que ocupa no espaço, enfim, uma determinada atmosfera cultural. “Deseja formatar o país? Ok/cancela” a locução verbal expressa um desejo de mudança em transformar a realidade social e gentilmente faz o pedido ao interlocutor (tu), de forma individual, particular com o objetivo de despertar no receptor o senso crítico e formação autônoma dos eventos sociais da realidade brasileira. Assim, utiliza-se de recursos argumentativos que o guie para duas direções: Ok – para confirmar o apoio/interesse e “cancelar” em suas significações:tornar sem efeito, anular, eliminar; suspender, suprimir. Semanticamente usado para que se possa refletir sobre o enunciado ou rejeitar qualquer opção de negatividade e aceitar o ok como forma de mudança e inovação social. Nessa perspectiva o “não” é descartado das alternativas de mudanças. Por serem importantes elementos na produção do sentido dos textos, as formas verbais não podem ser analisadas apenas em sua constituição morfológica ou por meio de sua função sintática. Em uma análise mais semiótica, refletindo sobre a foto e o cartaz, temos uma situação de pedido, desejo de orientar o interlocutor a participar e interagir aos manifestos sociais no Brasil, usando de recursos argumentativos centrados no receptor da mensagem de forma polida por meio de um questionamento afirmativo. O verbo formatar usado no infinitivo tem diversas acepções: formatar- Conjugar (formato + -ar), verbo transitivo, 1. Ato ou efeito de formatar; 2. [Informática] Preparar um suporte magnético de armazenamento de dados para que nele se possa gravar informação; 3. Definir a disposição e o aspecto de caracteres, campos, texto, imagens de um documento.https://www.priberam.pt/dlpo/formata%C3%A7%C3%A3o pelas definições, analisa-se que há o interesse em mudanças, as informações não devem ser perdidas, mas armazenadas, pois somos sujeitos históricos e os dados da realidade não podem ser esquecidos. Sendo um momento histórico social, todas as informações devem ser registradas e gravadas para posterior uso e reflexão; novos dados são compartilhados e inseridos de formar a beneficiar e melhorar o que fora armazenado. O verbo em sua transitividade é direto, necessitando de um complemento. O que se deseja formatar? Necessita de um complemento direto, sem auxílio de preposição. O termo a ser ligado é um substantivo em sua análise morfológica e um objeto direto em uma análise sintática.
O pedido que se faz em relação ao ato de formatação não diz respeito a elementos particulares, mas se refere a toda uma totalidade. A acepção usada na esfera tecnológica perpassa ao mundo real e concreto, com novas significações e semanticamente usada para a nação brasileira, direcionada a toda população que participa democraticamente dos anseios e demandas sociais e a partir de convocações feitas por meio de redes sociais e atos de mobilização possa transformar e direcionar o país a um novo caminho.
O contexto e a situação operam conjuntamente para determinar a significação das palavras de acordo com a intenção do falante, fixando, assim, o sentido do discurso. Na análise do cartaz em relação à foto, observa-se que o fato se desenvolve no momento que idealmente se situa o falante e contemporâneo ao momento da enunciação, que é expresso pela expressão verbal no imperativo afirmativo, através de uma pergunta. Que descarta a negatividade da mesma.Assim para que haja uma maior interação e significação em relação à análise descrita é essencial, conforme Souza-e-Silva (2013):
Uma proposta de semântica global, um modo de articulação entre um dado conjunto de coerções que, por definição, engloba os diversos planos de um discurso, e uma conjuntura histórica – articulação que permitirá ressignificar, nesse sentido, qualquer superfície discursiva que participe do referido sistema de coerções. (...) um discurso sempre se confunde com sua emergência histórica, o espaço discursivo no interior do qual se constituiu, as instituições por meio das quais se desenvolveu, os isomorfismos em cuja rede ele foi envolvido: constitui a discursividade em objeto é supor que em qualquer circunstância essas coordenadas definem uma identidade enunciativa.
Grupo D: cartaz – “Reforma política já”
Fonte: https://domacedo.blogspot.com.br/2013_06_01_archive.html
Muitos cartazes protestavam contra a corrupção e outros temas sociais, mas alguns pediam uma reforma política. O enunciado se constitui de uma frase nominal, embora intemporal, que se caracteriza por ser impessoal e não modal, pertencente à enunciação. Tem uma assertiva de valor permanente, de anunciar uma verdade geral, de ter valor de argumento. Porém no momento em que essa frase/enunciado é proferido, essa frase intemporal passa imediatamente a fazer parte do discurso do eu que a enuncia, e é submetida, consequentemente, ao aqui-agoradoeu.
O site da G1 define bem sobre o que é Reforma política e outras informações complementares por meio do site https://g1.globo.com/politica/noticia/2013/06/entenda-o-que-sao-constituinte-plebiscito-e-reforma-politica.html
Reforma politica
A reforma política é um conjunto de propostas debatidas no Congresso Nacional para tentar melhorar o atual sistema eleitoral e político brasileiro. Entre os temas estão sistema eleitoral, financiamento eleitoral e partidário, coligações, alteração das datas de posses, entre outros. O caráter polêmico da maioria das propostas é responsável por sucessivos adiamentos das votações, atrasando mudanças com relação ao tema.
Projetos
Uma das PECs sobre reforma política na Câmara dos Deputados tem relatoria do deputado Henrique Fontana (PT-RS) e prevê o fim de coligações partidárias em eleições proporcionais, a realização de todas as eleições em uma única data, a alteração da data de posse de presidentes, prefeitos e governadores, e a facilitação da participação popular na proposição de projetos de lei e emendas constitucionais. Um projeto de lei do deputado gaúcho prevê o financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais e a possibilidade de o eleitor votar ou no candidato ou no partido.
Adiamento e alternativas
Em abril de 2013, líderes da Câmara dos Deputados negaram conceder caráter de urgência para que projetos de reforma política fossem apreciados pelo plenário antes de passar pelas comissões da Casa. Na segunda (24), três entidades da sociedade civil - OAB, CNBB e Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) - apresentaram texto de projeto de lei de iniciativa popular para reforma política. Para que a proposta seja oficialmente apresentada ao Congresso e comece a tramitar, é preciso o apoio de 1% do eleitorado do país.
Opiniões
Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados "As propostas que as entidades e a presidente queiram apresentar serão bem recebidas. Faremos um grupo de trabalho para que no segundo semestre ela [reforma política] possa ser aprovada nesta Casa."
Henrique Fontana (PT-RS), relator de um projeto de reforma política na Câmara "Há quantos anos ouço falar que a reforma política é prioridade, mas na hora de votar sempre se busca um consenso impossível e há uma dificuldade de construir uma maioria. Esta Casa tem que começar a votar, como puder, a reforma política. Se não pode votar três itens, vote um."
Aécio Neves, senador e presidente do PSDB "Cobraremos do governo federal sua proposta de reforma política, mas que venha através de uma emenda constitucional. Achamos que esse é o leito mais seguro, mais natural. Uma reforma que possa ser discutida pelo Congresso e, se aprovada, submetida a um referendo da população brasileira."G1 (25/06/2013 14h26)
O vídeo postado em 22/12/2011 Brasilianas.org debate a Reforma Política, nele o jornalista Luis Nassif e seus convidados discutem conceitos gerais que estão por trás da reforma e suas intenções. Voto distrital, voto proporcional, financiamento público de campanha, fidelidade partidária são alguns dos temas do debate. Para participar do programano estúdio da TV Brasil de São Pauloforam convidados o deputado federal Henrique Fontana; o coordenador do curso de Administração Pública e Governo da FGV-SP, Fernando Luiz Abrúcio, e o sociólogo da Universidade de São Paulo (USP), Wagner Iglésias.https://www.youtube.com/watch?v=ZgrW-RB-mb4
Em junho de 2013, a partir da pressão das ruas e da proposta da presidente, a Câmara dos Deputados instalou uma comissão que teria 90 dias para elaborar o projeto de reforma política a ser encaminhado ao plenário da Câmara e ao Senado. Os deputados descartavam a realização de um plebiscito, crescendo o movimento dos parlamentares por um referendo. Uma coisa é certa: o movimento de junho de 2013 não chegou ao fim, mesmo se amainando em seguida. Como uma onda, avançou e recuou, para vir de novo mais à frente. O sociólogo Francisco de Oliveira em entrevista ao iGadmite desconhecer os motivos dos protestos e diz que eles não mudam nada no cenário político do País. A íntegra da entrevista no sitehttps://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2013-07-07/as-manifestacoes-nao-foram-nada-demais-diz-o-sociologo-francisco-de-oliveira.htmLeia os principais trechos da entrevista:
iG - O que aconteceu nas ruas do Brasil nas últimas semanas?
Francisco de Oliveira – Nada demais. É um pouco inédito devido ao fato de que se deu em várias partes do País, coisa que não era comum ocorrer. As manifestações mais fortes sempre se deram no Rio e São Paulo e desta vez se apresentaram em várias partes do País de forma bastante intensa. Mas não há uma explicação. Primeiro levantaram os preços das passagens, os governos recuaram e aquilo se transformou em uma manifestação sem sentido. De fato vivemos numa conjuntura política em que não há motivo para crise.
iG – Isso explica o fato de as manifestações terem perdido a força?
FO – Sim. Não tem um foco e, portanto não tem o que reivindicar. Ninguém mantém parte da população em estado de tensão em que vá para a rua todos os dias. É esperar demais.
iG – O que levou essas pessoas para a rua?
FO – Não sei e ninguém sabe. Estão todos chutando hipóteses. A primeira delas foi o aumento da tarifa de transporte mas isso é tão pouco para mover tanta gente. É claro que foi um estopim mas não é capaz de manter uma mobilização.
iG – Alguns estudiosos apontam um motivo mais emocional, vinculado à natureza juvenil, do que racional.
FO – É difícil tentar qualquer explicação. É claro que há um componente emocional. As pessoas que saem às ruas para protestar podem se unir e podem não se unir mas o componente maior era político, embora sem objetivos. A reação da Polícia Militar, por exemplo, acirra, as pessoas ficam com raiva, mas isso passa.
iG – Qual a melhor maneira para fazer a reforma política? O senhor mesmo chegou a elaborar um projeto para o Instituto Cidadania antes da eleição de Lula.
FO – A reforma política é uma coisa muito complicada. Não é fácil. Primeiro tem que ir para o Congresso, a não ser que se dê um golpe de Estado. O Congresso é o lugar apropriado e ele não age assim de repente. Não pode ser de um dia para o outro. A reforma se faz para sair de uma crise. A Constituinte de 1988, por exemplo, foi feita por causa das tensões, equívocos e erros da ditadura. Não se faz a frio. Se o Congresso sempre trabalhasse em alta consciência seria possível. Mas não é assim que o Congresso trabalha. É fácil pensar e difícil executar uma reforma dessas. Não dá pra ser uma coisa despirocada. É preciso organizar os grupos, estes grupos precisam eleger seus partidos e os partidos atuar no Congresso. Fora isso é um ato de ditadura.
Ao final da análise observaremos uma reflexão sobre os efeitos das manifestações de junho de 2013 no Brasil e se surtiu efeito ou não. Conforme dados atuais de dezembro de 2013. O cartaz “reforma política já” em uma análise semiótica revela o descontentamento da população em relação à política brasileira, pois a discussão é algo há muito debatido e sem solução. Neste manifesto os jovens com o rosto pintado de verde e amarelo, representando a bandeira nacional, ou seja a Pátria, mas com o nariz enfeitado com um acessório que representa o palhaço. O sujeito do discurso em sua representação semiótica sente-se um “palhaço’, sendo envolvido pelas propostas articulosas e sem respaldo dos governantes e exigem seriedade a partir dos atos de protestos. Uma mudança no cenário nacional, principalmente quanto a política e com isso a reforma é algo que deve ser discutido a priori.
O cartaz “Reforma política já” possui um sujeito (subtendido – quem quer a reforma política?) marcado pela historicidade. Isto é, não é o sujeito abstrato da gramática, mas um sujeito situado na história da sua comunidade, um tempo e um espaço concreto. Assim a voz polifônica remete o enunciado ao subtendido, o pressuposto – brasileiros que demandam por melhorias sociais com base em uma reforma política. É um sujeito ideológico, isto é, sua fala reflete os valores, as crenças de um momento histórico e de um grupo social; Em sua fala outras vozes também falam; o sujeito do discurso se forma, se considera, se constitui nessa relação com o outro, com a alteridade. Assim, da mesma forma que tomo consciência de mim mesmo na relação que tenho com os outros, o sujeito do discurso se constitui, se reconhece como tendo uma determinada identidade na relação com outros discursos produzidos, com eles dialogando, comparando pontos de vista, divergindo.
O enunciação do cartaz é composta por elementos nominais: substantivo + adjetivo + advérbio que indicam um enunciado estático no aspecto gramatical, mas para produzir/compreender e analisar um texto são necessários não só conhecimentos linguísticos(conhecer o vocabulário, a gramática da língua – suas regras morfológicas e sintáticas), mas também conhecimentos extralinguísticos (de mundo, enciclopédico, históricos, culturais, ideológicos de que trata o texto) que permitirão dizer a que formação discursiva pertence e a que formação ideológica está ligado. Assim na análise do discurso, o enunciado relaciona-se a transformações sociais a partir daquele momento, o advérbio “já” indica uma circunstância de tempo, a “reforma política” não é algo estático, mas um fato que deve ser analisado, revisto e pensado a partir daquele momento e com subsequentes reações e mobilizações. Assim, torna-se constante em relação ao discurso, espaço e tempo. “Reforma” – substantivo feminino singular que concorda com o adjetivo “política” em um sentido geral, pois refere-se a um conjunto de propostas debatidas no Congresso Nacional para tentar melhorar o atual sistema eleitoral e político brasileiro. Entre os temas estão sistema eleitoral, financiamento eleitoral e partidário, coligações, alteração das datas de posses, entre outros. Nesta perspectiva concluímos as análises relacionandoos enunciados linguístico-discursivosdos cartazes dos manifestos no Brasil em junho de 2013 e suas consequências na contemporaneidade. Antonio Lassange (2013)doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília em seu artigo O que falta para Dilma ganhar no 1º turno discute com veemência sobre os resultados das manifestações sociais no Brasil e se os cinco pactos defendidos pela presidente surtiram efeitos. Mais detalhes no site: https://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/O-que-falta-para-Dilma-ganhar-no-1%BA-turno/29616Abaixo, Lassange (2013) analisa os 5 pactos propostos por Dilma e seus resultados:
A saúde foi quem respondeu melhor, com o “Mais Médicos”. O programa é uma injeção cavalar de profissionais no atendimento básico e representa uma mudança gigantesca na prestação de serviços à população de mais baixa renda. Outra parte do problema, mais difícil de ser resolvida, é a situação dos hospitais. Um terceiro aspecto cada vez mais importante é a regulação eficiente dos planos de saúde. Com a elevação da renda, esse mercado explodiu. A classe C entrou de vez e quer planos mais baratos, atendimento mais rápido e coberturas mais amplas, três coisas que andam em falta nos planos da saúde. O grau de revolta nesse assunto afeta, cada vez mais, o humor de muitos brasileiros.
Na educação, a grande novidade e sucesso de Dilma é o Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). É bom, mas é pouco. Mesmo com a melhora paulatina (e lenta) nos indicadores da educação, a área continua com uma grande lista de pendências. Até agora, o Plano Nacional de Educação não foi aprovado. O governo teme que a discussão sobre o financiamento do setor resvale em sua prioridade à manutenção de superávits fiscais elevados. Os recursos dos “royalties” do pré-sal, que começam a entrar já no ano que vem, são um alívio, mas aquém do necessário para alavancar a área. Estados e prefeituras brigam para não pagar o piso salarial dos professores, e fica por isso mesmo. Se Dilma quiser mostrar novidades na área, terá que apresentar uma solução federal para garantir o piso, pelo menos nos estados e municípios mais pobres. Precisará também colocar o dedo na ferida de um problema crônico: as deficiências do Ensino Médio – hoje o principal gargalo da educação.
Na mobilidade urbana, alvo central das jornadas de junho, o quadro é difícil, mas é possível atravessá-lo como um caminho de brasas. Todos os governos (Federal, estaduais e municipais) sairão um pouco chamuscados, mas, se não tropeçarem, vão sobreviver. Apenas cerca de 10% das obras da Copa estão prontas, segundo o TCU. Algumas outras, poucas, estarão terminadas em 2014. A grande maioria vai ficar para 2015. Dilma vai ter que fazer um bom trabalho para explicar isso à população e mostrar que, com ou sem atraso, vai ter valido a pena. É, no fundo, um problema que gera um risco para os adversários. A população quer as obras terminadas e as mudanças de governo sempre são encaradas como um risco à sua continuidade.
No pacto da responsabilidade fiscal, Dilma mostrou que aprendeu que o mercado prefere o tratamento de choque, mas se acalma rápido com simples terapia. Ou seja, superávit foi reduzido, a inflação ficou um pouco mais alta, mas ainda dentro da meta, o dólar flutua, “pero no mucho”, mas tudo passa se a presidenta faz repetidas juras de amor à responsabilidade fiscal. O outro lado da moeda, aquele que diz mais respeito aos 99% da população, é o lado de que o país precisa crescer, gerar emprego e oportunidades não só para grandes empresas (a chamada política das “campeãs” e o apoio às multinacionais de automóveis), mas também para as pequenas e médias e para a economia solidária. Sem isso, a renda média do trabalhador cai, e junto, a arrecadação de impostos; o mercado consumidor se retrai; as ofertas de emprego diminuem; a miséria volta a crescer e o negócio da criminalidade aumenta seu poder de atração.
Reforma política- A mãe de todas as reformas, a política, está empacada por conta dos filhos da pátria que fazem de tudo para que não haja reforma alguma. De cada 10 brasileiros, 8 querem reforma política. O problema é que, entre os outros dois, há sempre um deputado e um senador, que são os quem decidem. Sem eles, não existe reforma política. Duas alternativas estão colocadas sobre a mesa. A proposta de plebiscito, que poderia ser retomada para ser realizado durante as eleições de 2014, e o projeto de iniciativa popular do movimento “Eleições Limpas”, que conta com a simpatia de Dilma e do PT. A única chance de haver algum avanço nessa discussão seria se Dilma vinculasse a reforma ministerial de 2014 a um compromisso dos partidos da base com alguma sinalização de reforma, nem que fosse restrita aos dois únicos pontos de maior chance de acordo: o fim das coligações para cargos proporcionais (deputados e vereadores) e a proibição do financiamento empresarial de campanha, e sua tipificação clara como crime que sujeite corrupto e corruptor. De preferência, sem que se precise ficar à mercê da disposição, das idiossincrasias e idiotias dos presidentes do STF. Seria pedir demais que os políticos dessem ao eleitor, pelo menos, a chance de se manifestar, em plebiscito, sobre esses dois únicos pontos? Lassange (2013)
Em suma, os manifestantes de junho chegaram quase timidamente, com uma bandeira única e paulista, mas logo se multiplicou, bem como as bandeiras, até tomarem o país numa única e impressionante marcha sem dono. A ausência de lideranças políticas ditando slogans à multidão permitiu a união de insatisfações variadas e apartidárias e ajudou a engordar os protestos, mas também colaborou para o seu definhar silencioso. Já que, quando os gritos começaram a baixar de volume, não havia ninguém para levantar a bandeira. O resultado dessas mobilizações geraram propostas dogoverno, esperemos, assim, que sejam cumpridas e que os manifestos tenham impulsionado a uma mudança em nossa conjuntura.