A LINGUAGEM DOS PROTESTOS: Uma análise discursiva dos cartazes das manifestações sociais brasileiras
Nas escolas estaduais e municipais do ensino básico do município de Juína há uma grande preocupação em relação ao processo ensino e aprendizagem dos educandos quanto às práticas de letramento da leitura e escrita. Comumente nos conselhos de classe participativo discute-se sobre o papel da família, da sociedade e da escola quanto ao papel social do aluno nas diversas esferas de atividade social e assim há um consenso quanto aos eventos e práticas linguísticas advindas do ensino fundamental, principalmente no processo de autonomia, formação crítica e discursiva com base em sua participação cultural local e global. Visto que a terceira fase do terceiro ciclo é constantemente avaliada por metas e programas nacionais de competência linguísticas que enfatizam as práticas de leitura e escrita em consonância com o sujeito aluno e práticas docentes, além de ser uma fase transitória para o ensino médio.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) visa a qualidade educacional em relação ao fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações nacionais como a Prova Brasil, Saeb e outras que refletem dados negativos sobre a realidade dessas escolas e também o fracassoreferente às matrizes ao ensino fundamental e consequentemente ao ensino médio. Em 2009 o índice do município de Juína foi de 4.3 e em 2011 houve um crescimento para 4.5 e diminuição para 4.4 em 2013, mesmo com esse percentual, muitas escolas não alteraram seus dados em relação aos anos avaliados.
Partindo desta realidade, e em pesquisa com discentes da 3ªfase do 3ºciclo muitos não pretendem continuar seus estudos, sentem-se desmotivados e alienados das práticas e discursos de letramento. Diante dessa problemática foi proposto o projeto: A Linguagem dos Protestos - Uma análise discursiva dos cartazes das manifestações sociais brasileiras,pois cada vez mais os jovens distanciam–se do processo de leitura em sua classificação nos mais variados tipos e gêneros textuais, isso deve-se à parca leitura que se faz do próprio mundo, em uma análise linguístico-discursiva, através dos mais diversos suportes de informações em nosso cotidiano, tais como: televisão, internet, jornais, revistas e outros meios que se inserem nas demais esferas de atividade humana. No processo ensino e aprendizagem é essencial uma maior relação aos fatos do dia a dia e interação às diversas áreas do conhecimento, produzindo assim textos coerentes, claros e objetivos. No entanto ainda se percebe no Ensino Fundamental uma grande dificuldade dos adolescentes em relacionar e expressar essas informações nos aspectos linguístico, discursivo, estilístico e gramatical da língua, como percebido nas produções escritas e orais de alguns educandos da terceira fase do terceiro ciclo de aprendizagem, assim, torna-se essencial um maior aprofundamento das práticas de leitura com enfoque social,por meio dos diversos mecanismos de aquisição e aprendizagem, associando-os aos eventos de multiletramentos.
Desta forma percebe-se a real necessidade de realizar este projeto em parceria com a comunidade escolar, com o intuito de possibilitar ao educador melhorias em sua prática pedagógica, e assim, tornar as aulas mais dinâmicas, criativas e interativas, tendo como protagonista, o educando autônomo e agente transformador social, assim a pesquisa tem como objetivo analisar a linguagem dos protestos através de uma concepção baseada nos elementos e práticas discursivas, focalizando alguns cartazes produzidos durante os manifestos sociais no Brasil de junho de 2013. E assim:
• Propiciar aos alunos leitura e análise das características linguísticas e discursivas dos cartazes que marcaram os protestos no contexto local e global em sites específicos sobre o tema.
• Analisar e caracterizar as manifestações brasileiras de acordo com pressupostos teóricos a respeito de manifestações sociais.
• Relacionar os contextos político-sociais das manifestações realizadas no país, de forma geral, com a realidade social do município de Juína.
• Interpretar, analisar e compreender as linguagens dos protestos em consonância com o gênero discursivo cartaz a partir de análise discursiva, e assim produzir textos por meio de produções mistas e postar no site https://manifestos-sociais-brasileiros.webnode.com/
• Utilizar e reconhecer as práticas sociais da linguagem dos protestos através de gênero discursivo cartaz e produzir artigos como produto final.
• Analisar, refletir e discursar de forma crítica e comparativa sobre o processo de intertextualidade e interdiscursividade e sua relação aos fatos contemporâneos e históricos.
Com foco em competências discursivas, o tema será desenvolvido através de pesquisa-ação, com área de concentração em Linguagens e letramentos, e Linha de Pesquisa em Leitura e Produção Textual: Diversidade social e práticas docentes.
A escolha do tema deve-se aos manifestos que ocorreram no Brasil em junho de 2013 e que repercutiu em todo território nacional e internacional em um contexto local, regional, nacional e global. Um grande referencial foi o uso de redes sociais, e a falta de eixos claros, sobretudo a partir de 20 de junho, fizeram desses atos uma expressão de descontentamento profundo, mas com motivos muitos variados. As ruas brasileiras foram invadidas por milhares de pessoas – em sua maioria jovens – expressando um desejo de descontentamento perante a realidade brasileira, em vez das faixas com as reivindicações organizadas, muitos carregavam cartazes, registrando suas demandas individuais, raiva e criatividade.
Milhares de pessoas se reuniram em todo o Brasil, nem o Congresso escapou e foi tomado por
milhares de pessoas, segunda, 17 de junho de 2013.
Foi um momento de democracia, a verdadeira democracia. O povo saía às ruas para reivindicar suas demandas, conforme os vários eixos sociais e assim expunham suas angústias e indagações perante a realidade contemporânea brasileira. Os jovens sentiam-se aptos a lutar por seus direitos e tornam-se porta-voz de uma nova identidade, um agente/ator das transformações e mobilizações. Nesse ponto as redes sociais serviram como forma de convocação, integração e viabilização de opiniões críticas sobre o despertar do sujeito autônomo e coletivo, como demonstra o vídeo Protesto passe livre, retirado do sitehttps://www.youtube.com/watch?v=H4e9GS6d190 com 414.318 visualizações retrata as reflexões e indagações de uma jovem que convoca a nação para participar dos manifestos através da internet e reflexões acerca da manipulação midiática em direcionar os protestos de forma negativa, além do repúdio pelas forças políticas governamentais e principalmente a alienação da massiva.
Os protestos foram registrados em todas as regiões brasileiras e algumas cidades aderiram às manifestações, principalmente através das redes sociais, o facebook como porta de abertura para encontros e propagações de ideias. Em Juína, município do estado de Mato Grosso, com aproximadamente 40 mil habitantes, não foi diferente e muitos jovens decidiram ir às ruas e reivindicar por mudanças no cenário político e social. Algumas imagens retratam o cenário municipal do dia 21 de junho de 2013, confome informações veiculadas pelos site de notícias Top News: https://www.topnews.com.br/noticias_ver.php?id=21832 .