ANÁLISE DISCURSIVA DOS CARTAZES DOS MANIFESTOS SOCIAIS DE 2013
UMA PERSPECTIVA DISCENTE QUANTO AOS PROTESTOS QUE MARCARAM O ANO DE 2013
APRESENTAÇÃO
No processo ensino e aprendizagem, é essencial uma maior relação discursiva aos fatos do dia a dia e interação às diversas áreas do conhecimento, produzindo, assim, textos coerentes, claros e objetivos. No entanto, ainda se percebe no Ensino Fundamental e Médio uma grande dificuldade dos adolescentes em relacionar e expressar essas informações nos aspectos linguísticos e discursivos, como percebido nas produções escritas e orais de alguns educandos da terceira fase do terceiro ciclo de aprendizagem e Médio; assim, torna-se essencial um maior aprofundamento das práticas de leitura com enfoque social, através dos diversos mecanismos de aquisição e aprendizagem, associando-os aos eventos de multiletramentos.
Diante dessa problemática foi direcionado um projeto em forma de Sequência Didática: A Linguagem dos Protestos - Uma análise discursiva dos cartazes das manifestações sociais brasileiras, em virtude das mobilizações que ocorreram em junho, tema constante da mídia brasileira do ano de 2013. Muitos desses discentes participaram desses protestos e, no protagonismo juvenil, entenderam o que era requerido pela população em geral; alguns acharam interessante aquele montante de pessoas nas ruas; e muitos começaram a opinar sobre o acontecido de forma consciente para a sua faixa etária. Certamente houvera mudanças nas atitudes e posicionamentos desses jovens que participaram pela primeira vez de manifestações que visaram mudanças na conjuntura social brasileira.
Em junho de 2013, ocorreu no Brasil uma onda de manifestações populares que reuniu mais de um milhão de pessoas, com similaridade em apenas três momentos históricos do país: em 1992, no impeachment do ex-presidente Collor de Melo; em 1984, no movimento Diretas já, no período do regime militar, na luta pelo retorno à democracia; e nos anos de 1960, nas greves e paralizações pré-golpe militar de 1964, e nas passeatas estudantis de 1968.
Os movimentos sociais são fontes de inovações e mudanças sociais, detém um saber, decorrentes de suas práticas cotidianas, passíveis de serem apropriadas e transformadas em força produtiva. A presença dos movimentos sociais é uma constante na história política do país, mas ela é cheia de ciclos, com fluxos ascendentes e refluxos (alguns estratégicos, de resistência e às novas forças sociopolíticas em ação), impulsionando mudanças sociais diversas (Gohn, 2013).
Dentro dos movimentos de protestos, surgem os manifestos sociais, que atuam em coletivos não hierárquicos, com gestão descentralizada, produzem mobilizações com outra estética; os participantes têm mais autonomia, não atuam sob a coordenação de uma liderança central. São movimentos com valores, princípios e formas de organização distintas de outros movimentos sociais, a exemplo de sindicatos, movimentos identitários e outros. Os protestos de junho de 2013 foram denominados pela mídia e outros como “manifestações”, de fato, eles foram, na maioria das vezes, manifestações que expressam estado de indignação face à conjuntura política nacional. As mobilizações adquiriram, nesses eventos, um caráter de movimento de massa, de protesto, de revolta coletiva, aglutinando a indignação de diferentes classes e camadas sociais, predominando a classe média propriamente dita, e diferentes faixas etárias, destacando-se os jovens (Gohn, 2013).
Um grande referencial que marcou essas mobilizações foi o uso de redes sociais. Sabe-se que elas foram desencadeadas em São Paulo por coletivos organizados, com o predomínio do Movimento Passe Livre (MPL), a partir de uma demanda pontual – contra o aumento da tarifa de transportes coletivos. A partir de 20 de junho, fizeram desses atos uma expressão de descontentamento profundo, mas com motivos muitos variados, tais como: a má qualidade dos serviços públicos, especialmente transportes, saúde, educação e segurança pública. As ruas brasileiras foram invadidas por milhares de pessoas – em sua maioria jovens – expressando descontentamento perante a realidade brasileira; em vez das faixas com as reivindicações organizadas, muitos carregavam cartazes, registrando suas demandas individuais, raiva e criatividade.
Gohn (2013) pontua que os slogans dos cartazes, a maioria escritos à mão, rudimentares, são emblemáticos para ilustrar que com a adesão de multidões às manifestações, as demandas ampliaram-se mais ainda, e o alvo passou a ser “contra tudo”, além da denúncia sobre a violência da polícia: “Nossos sonhos valem mais que 0,20”, “Democracia já”, “Desculpem o transtorno, estamos mudando o Brasil”, “A juventude acordou”, “O povo não deve temer o governo, o governo deve temer o povo”, “O gigante acordou”, “Ou para a roubalheira, ou paramos o Brasil”, etc. O fato é que frases proferidas expressam um grande recado: não estamos satisfeitos, não queremos esse modelo de desenvolvimento.
GÊNERO CARTAZ
O cartaz é um elemento do mecanismo social. É um modo de comunicação de massa, criado para servir de auxiliar a um sistema institucional qualquer. Sendo de esfera urbana, são estabelecidas algumas condições para a existência do cartaz na cidade: 1- possibilidade técnica de ilustrar pela imagem em grande escala; 2- necessidade de reduzir o texto devido à velocidade de deslocamento do indivíduo em relação ao estímulo. Um cartaz moderno será uma imagem em geral colorida contendo normalmente um único tema e acompanhado de um texto condutor, que raramente ultrapassa dez ou vinte palavras, portador de um único argumento. É feito para ser colado e exposto à visão do transeunte. Não esquecendo que o cartaz é também um veículo de comunicação em movimento, principalmente em mobilizações sociais.
Os primeiros cartazes foram desenvolvidos ainda no século X, por meio de xilogravuras. No Renascimento, o primeiro cartaz conhecido é de Saint-Flour, de 1454, feito em manuscrito e sem imagens. A partir do final do século XIX é que houve o processo de reunir textos e ilustrações numa folha de papel, ao ser propagada pelos mercadores europeus e executada pelas mãos talentosas de artistas plásticos da época. Por volta de 1860, em Paris, Jules Cherét desenvolveu o sistema de impressão de 3 a 4 cores. Seu estilo atingiu o auge em 1880 e foi adaptado por outros artistas como Pierre Bonnarde e Toulouse-Lautrec – precursor da arte publicitária.
No início do século XX, o movimento Arts and Crafts, um dos estilos estéticos que iniciou o caminho do Design Moderno, inspirou vários artistas a criarem Cartazes que pregavam a liberdade estética e a ousadia criativa. Uma das características desses cartazes era a representação da figura feminina, de longos cabelos ondulados, emoldurada por uma decoração floral e traços orgânicos. Conforme a pesquisa, foi interessante entender que no século XX, O Design Russo influenciou fortemente a evolução do cartaz europeu, estando intimamente relacionado à propaganda do governo soviético, trazendo mensagens de patriotismo, igualdade e vitória.
A importância dos cartazes durante a Segunda Guerra Mundial, que deixaram de anunciar produtos para promover os esforços de guerra, por meio do apelo ao recrutamento ou veiculação de informações. Os governos que encomendavam esses cartazes queriam mensagens diretas e eficazes. Nos anos 60 e 70, os cartazes passaram a ser desenhados para uma audiência limitada, sendo encarados e vendidos como obras de arte, influenciando de forma decisiva o Design Gráfico. Entre eles o movimento estudantil e o punk. A partir dos anos 70, a tecnologia deu aos designers muito mais controle sobre o tipo de letra e a reprodução da imagem. Nos dias atuais, o computador tem um papel cada vez mais importante na criação de cartazes e as combinações criativas entre fotografia, ilustração e trabalho tipográfico os transformou em veículos extremamente democráticos, que evoluem à velocidade da tecnologia digital.
Assim, reflete-se sobre a importância do estudo do gênero cartaz e sua representatividade aos conceitos culturais e históricos, fomentando ideias, movimentos e também controle social. Perceberam que além de servir como forma de ilustração, suas imagens focalizam a interação social, com uma carga de persuasão e formação integradora. Dependendo do objetivo, poderia ser um gênero que manipularia a população, mas também, conscientizaria a respeito de formação identitária e social. Outras características foram salientadas durante as apresentações, tais como frases curtas e texto reduzido, a necessidade de ilustrações e principalmente por sua importância como elementos de comunicação em movimento, tão perceptível nos cartazes dos movimentos sociais de junho de 2013, cuja mobilidade se caracteriza pela ausência de ilustrações.
ANÁLISE DISCURSIVA DOS CARTAZES DOS MANIFESTOS SOCIAIS DE 2013
O grupo “A” iniciou sua interpretação com o cartaz “Saímos do facebook”:
Foto 1 - Manifesto em São Paulo – 13/06/2013
O primeiro grupo iniciou sua análise discursiva do cartaz, destacando a retórica textual no enunciado “Saímos do Facebook”. Em sua interpretação, os discentes relacionaram a foto ao enunciado do cartaz; assim, na imagem vê-se um jovem vestido de preto, que segura o cartaz e direciona sua vista para frente, ou seja, para a possibilidade da luta, do enfrentamento, além da decisão de mudar o país. Outro aspecto observado foi o cromatismo das letras: o verde, que representa a esperança, o alvorecer de uma nova realidade, em contraposição ao preto da vestimenta do jovem, que significa o luto pela situação precária do país.
Na sequência, houve a observação de que o estopim dos protestos em São Paulo foi o aumento da tarifa de ônibus, metrô e trens urbanos de R$ 3,00 para R$ 3,20, em 1º de junho de 2013. Quando as manifestações paulistanas começaram, já haviam ocorrido protestos em Natal (RN), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS) e, nesta última, conseguiu-se a redução da tarifa. Com o um trecho de uma pesquisa realizada, o aluno “A” salienta que, após o anúncio do aumento, aconteciam vários protestos em bairros, até a primeira manifestação chamada “Movimento Passe Livre” (MPL) em 6 de junho, no centro de São Paulo. Nos dias 7 e 11, houve novos atos reunindo milhares de pessoas. A principal reivindicação: revogação do aumento da tarifa.
Em consenso, refletimos que essas mobilizações adquiriram, nesses eventos, um caráter de movimento de massa, de protesto, de revolta coletiva, aglutinando a indignação de diferentes classes e camadas sociais, predominando a classe média propriamente dita em diferentes faixas etárias, destacando-se os jovens. O cartaz, com seus dizeres, reflete essa ideia de que a maioria das pessoas que estavam nos protestos eram jovens da classe social média e alta.
Outro ponto discutido foi a indignação com a violência que se espalhou por setores da sociedade como um choque elétrico. Os discentes, com faixa etária entre 13 a 15 anos, pertencentes à era digital e virtual, observaram que as redes sociais, como o Facebook e o Twitter, foram as principais ferramentas para a convocação dos atos que potencializaram a revolta. Muita gente que não se sensibilizara com o aumento do preço do transporte, desta vez, foi à rua. Assim percebeu-se que o enunciado “Saímos do facebook” não poderia ser concebido em uma análise superficial, posto que o processo de construção da interpretação só seria efetivo caso tivessem conhecimentos intertextuais sobre o assunto. Neste momento, perceberam a relação entre o momento histórico e seus antecedentes, além da importância das redes sociais.
Também foi observado pelo grupo que, na foto, o jovem é o único entre os demais que segura um cartaz com determinação e afinco, e que no cartaz “Saímos do facebook”, o verbo “sair” corresponde ao significado de “reagir”, “deixar a passividade”, “ir à rua”, ou seja, os jovens foram às ruas participar das mobilizações sociais, deixaram suas casas, seu ambiente virtual e reagiram contra o governo.
Em conclusão, destacou-se que o enunciado “Saímos do facebook” faz parte do contexto histórico ocorrido em junho de 2013, quando as ruas brasileiras foram invadidas por milhares de pessoas – em sua maioria, jovens – expressando um descontentamento profundo com os rumos do país. Em vez das faixas com as reivindicações organizadas de segmentos sociais, muitos manifestantes carregavam cartazes, registrando suas demandas pessoais, sua raiva, sua criatividade, com o ímpeto de sair às ruas, atiçados pelo “Movimento Passe Livre”, para pedirem mudanças e criticarem os governantes.
Após a conclusão do primeiro grupo, o grupo “B” iniciou sua apresentação com a análise discursivas do cartaz “Deseja formatar o país? Ok/cancelar”:
Foto 2 - Manifestações Brasil 2013: Os cartazes mais criativos, inteligentes e exóticos
Fonte: EitaPiúla.net
Em continuidade, o grupo 2 contextualizou o cartaz “Deseja formatar o país? Ok/cancelar”, por meio do processo histórico contemporâneo do Brasil. Discutiu-se que o enunciado desse cartaz representa a imagem de uma consulta popular na forma de plebiscito. O grupo salientou sobre a escolha entre o “ok” (sim) e o cancelar, mas sem a possibilidade da escolha do “não”, representando, assim, uma direção única, já que a seta está direcionada para o “ok”. Quem exige essa resposta é a população, provavelmente, sem convicção política e partidária. Na sequência, observou-se que o cartaz tinha como suporte papel cartolina, no qual se identificou o cromatismo em preto e branco, representando o luto devido aos aspectos negativos referentes à situação do país naquele período. O branco representava o desejo de tranquilidade e serenidade. Na análise, os discentes observaram que o momento seria de luta, revolução e transformação, com o objetivo de mudanças para toda a população brasileira. O espaço da foto estaria situado em um ambiente fechado, provavelmente na casa onde foi escrito o gênero, demonstrando a simplicidade e humildade do brasileiro, a qual se encontra em consonância com o desejo de mudanças ao direcionar a seta para o “ok” no cartaz através de uma linguagem coloquial, típica do português falado. Durante a discussão, destacou-se que após os primeiros atos de manifestos no Brasil, em junho de 2013, as autoridades, em todos os níveis, sentiram-se pressionadas. Outro questionamento analisado pelo grupo foi quanto a grande distância entre as ruas e o poder público, pois, se em uma democracia o poder emana do povo, os governos deveriam refletir a vontade popular.
Com uso de slides, os alunos destacaram que, em 24 de junho, a presidente Dilma Rousseff propôs a governadores e prefeitos “cinco pactos”, tratando da educação (destinação dos recursos da exploração de petróleo), saúde (mais investimentos na estrutura e contratação de médicos estrangeiros), transporte urbano (mais metrô e ônibus), além de um compromisso de respeito ao teto dos orçamentos públicos, com vistas a manter o controle da inflação. Neste sentido, salientaram que o quinto ponto, porém, chamou a atenção: um plebiscito popular para instituir uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. A lógica seria: se a população não confia em seus atuais representantes no Congresso Nacional, teria a possibilidade de eleger outros especificamente para reformar as instituições nacionais. Com esses dados, os discentes perceberam que, devido aos protestos que ecoaram por todo o Brasil e refletiram na política brasileira, por meio da pressão popular, nossos governantes decidiram recuar alguns projetos e aprovar outros, mesmo que houvesse um sentido de escamotear e apaziguar os ânimos populares.
Assim, conforme a análise, ficou indicado que houve, provavelmente, uma relação de aliança entre os manifestantes e a população brasileira no processo de afrontamento aberto à situação política e econômica do país, principalmente em relação às questões básicas. Também se argumentou que o cartaz da análise, em consonância com os manifestos sociais, tivera um objetivo em comum: formatar e reestruturar o país por meio de ações individuais ede interesses comuns.
Com essas apresentações, ficou combinado que o terceiro grupo apresentaria sua análise na próxima aula; desta forma, conforme o proposto, o grupo “C” analisou o cartaz “Queremos escolas padrão Fifa”:
Foto 3 - Veja como foi a manifestação nos arredores do Castelão e o conflito com os policiais
Fonte: ESPN.com.br
A análise do cartaz “Queremos escolas padrão FIFA”, conforme notícias relatadas pelos discentes, parte de uma relação intertextual entre à situação da educação no país e algumas reivindicações que não foram atendidas pelo governo, principalmente quanto a melhores condições de trabalho. Com o não atendimento a essas exigências, os servidores decidiram paralisar suas atividades; isso resultou em uma grande greve no estado do Mato Grosso. O estado já se encontrava em estado de greve e, com as manifestações de junho e mobilizações em todo o Brasil, foi definida a greve geral, conforme notícias que retratam as cidades do interior e capital. O grupo destacou que atitudes como essas indicam um possível descaso do governo perante os profissionais da educação, enquanto que altos investimentos foram feitos nos estádios em várias regiões do país, com padrão FIFA de qualidade, exigência imposta para que se realizasse a Copa do Mundo em 2014.
O terceiro grupo, em sua interpretação, relacionou as notícias do estado do Mato Grosso aos protestos vistos na Copa das Confederações, percebendo que, conforme trecho, o jogo entre Brasil e México era só às 16h, mas, já por volta das 10h30, o clima era de tensão e protestos a cerca de 1,5 quilômetro do estádio Castelão, em Fortaleza, palco do confronto da segunda rodada da Copa das Confederações. Cerca de 35 mil manifestantes tomaram os arredores do local e entoaram cantos de repúdio enquanto portavam cartazes, bandeiras do Brasil e máscaras, neste caso por temerem a ação da polícia. A intenção dos manifestantes, que questionavam os gastos excessivos com a Copa do Mundo, era avançar em direção ao Castelão, mas uma barreira policial já bloqueava o caminho.
Durante a discussão, fora percebido que dentre vários cartazes, um que se destacou foi: “Queremos escolas padrão Fifa”. Na imagem, dentro do ginásio, em tom de protesto, o casal ergue o cartaz em meio a todos os torcedores, vestidos com cores que representam a bandeira nacional, ou seja, a pátria. Eles demonstram entusiasmo por assistir a um grande espetáculo em um jogo com a seleção brasileira, mas, ao mesmo tempo, desânimo em saber que grandes quantidades de recursos estão sendo investidos nesses ginásios, enquanto outros setores sociais estão sendo deixados de lado, como a educação.
Com a análise, os discentes concluíram que o enunciado “Queremos escolas padrão Fifa” define, em sua significação, que a população almeja uma melhor aplicação dos recursos públicos na educação brasileira, tanto no aspecto qualidade quanto quantidade. E, nos protestos de junho, a indignação com tudo isso apareceu forte, com muita ironia. Assim, os alunos refletiram que os gastos do setor público com as áreas sociais, como a educação, são uma fração pequena do que o país estava dispendendo com a Copa do Mundo.
ANÁLISE DISCENTE DOS MANIFESTOS SOCIAIS DE 2013
Alana Backes Santos e Géssica Santos da Silva
Este cartaz foi fotografado na manifestação Movimento Passe Livre, que ocorreu em uma segunda-feira dia 17 de Junho de 2013. Nessa manifestação foram fechadas as três principais vias da capital paulista. O objetivo desta era pelo aumento da tarifa do ônibus circular.
Essa manifestação deu origem a vários cartazes. Os cartazes escolhidos foram: “Não pago 3,20 se não vale um real” e “Futebol: Brasil 3x0 Japão. Educação: 0x10 Japão”.
O primeiro que demonstrar a injustiça de aumentar as tarifa sendo que o ônibus de estrutura tem para se cobrar a mais o passe.
O governo apenas quer saber do seu lucro e não olha o que as pessoas que os utilizam passam os apertos, empurrões, e vários outros fundos.
Assim é justo que as pessoas protestem e lutem para que não aja o aumento.
Este cartaz obteve um ato de comparação com o Japão em função do futebol e da educação. O Japão é um país muito desenvolvido, inclusive a educação do Japão que é ótima. No cartaz apresenta uma ironia de como se representasse uma partida de futebol. Japão perde na primeira mais quando se fala em educação o Brasil perde de lavada.
Assim surge a questão, no que o futebol que é considerado bom no Brasil influência educação, na saúde, e em outros termos públicos? O futebol é apenas um status. Esta é a visão do cartaz, mas acontece que na realidade muitos que manifestaram colocando em evidencia o futebol também queriam a copa.
Maria Cristina Mota
O cartaz retrata que o pais está sem uma boa educação e o dinheiro que seria para fazer novas escolas foi utilizado com construções de estádios, o governo se esquece da educação, constrói estádios para a copa. E a educação como fica são tantos descasos que há cidades que as escolas ficaram paradas porque faltavam verba para uma educação adequada que uma criança merece
Este cartaz faz uma pergunta muito interessante se desejamos formatar o Brasil, pois é tanta corrupção que o Brasil está cansado de tanto sermos roubados, de tanto dinheiro desviado sem sabermos para onde foi, com o que foi, se usado com algo que nos interessa.
Willian Peres Massuia e Rafael Luiz Dreher Binsfeld
1º‘‘Quando seu filho ficar doente leve-o ao ESTÁDIO’’
Esse cartaz tenta dizer sobre o uso de dinheiro público na construção de estádios para copa do mundo de 2014 pois mesmo com todo mundo sabendo que no Brasil está faltando muitos hospitais e o atendimento nos poucos que restam é precário, ainda é gasto verba pública na construção de obras que não darão muito lucro. O cartaz faz as pessoas pensarem nisso que quando você ou seu filho estiver doente, você vai ter que ir a um estádio porque a verba da construção de novos hospitais foi gasta nos estádios.
2º ‘‘Era um pais muito engraçado não tinha escola só tinha estádio’’.
Esse cartaz quer dizer que a educação é precária no Brasil pois novamente o dinheiro que poderia ser investido em educação e saúde foi investido na construção dos estádios e aeroportos para a copa de 2014. Essa frase é uma ironia, pois ela imita uma música apenas trocando as letras da música original por essas novas que virariam um cartaz irônico e polêmico.
3º "Por favor não nos machuque nós não temos hospitais!"
Nesse cartaz é criticado a saúde pública brasileira que é precária e os policiais que machucavam os manifestantes.
A ideia principal é dizer que o sistema de saúde brasileira, o SUS, não funciona como deveria.
4º "Quantas escolas valem um Maracanã"
Nesse cartaz a ideologia é criticar a quantidade de dinheiro público que foi investido no Maracanã para a copa das confederações em 2013 ao invés de ser investido em escolas querendo dizer que o dinheiro investido em apenas um estádio poderia ser usado para milhares de escolas.
Evelin Faustino
Este cartaz reflete sobre as manifestações de 2013 por causa da copa. Nossas escolas precisando tanto de verbas para investir e as pessoas investindo em Copa, jogos que não vai ajudar ninguém a não ser os jogadores e os participantes que estão envolvidos. As pessoas estão revoltadas com isso. Até que resolveram sair nas ruas se manifestar, para ver se conseguem alguma coisa a nosso favor. Porque nesses últimos tempos só pensam em Copa mais nada, e a saúde e a educação que espere. Isso causou revolta na população que fizeram esse manifesto para ver se ia mudar alguma coisa no nosso pais.
Gustavo Alexandre Lanz Araujo e Crhystian Fernando Marques Felten
Este cartaz quer nos passar um recado de que o Brasil só sabe investir em estádios de futebol, parques de turismo, e os hospitais que é bom nada. Só que quando seu filho, avós, pai, mãe ou até você mesmo, não é o estádio de futebol que vai te ajudar, mas sim um hospital que no caso do Brasil os hospitais públicos estão péssimos.
Porque hospitais padrão FIFA? Pelo fato de o Brasil investir milhões em estádios que no caso serão para a FIFA, e de se esquecer dos hospitais, da saúde brasileira que na verdade está um lixo, e tende a cada vez ficar pior.
Eluma Corcett
O cartaz ao lado demonstra a indignidade da sociedade com os atos do poder político. A população ficou farta de tanta cobrança.
Quem diria que o país chegaria a tal ponto, e, seus lindos e amados filhos vão lutar juntos, por um Brasil sem tanta pressão.
A pessoa que escreveu esse cartaz, provavelmente, não estava com a intenção de fazer um manifesto pacífico o que demonstra isso é a máscara que está no rosto do indivíduo. Quem esconde o rosto, geralmente, tem seus motivos e creio eu que a dele não era das melhores, não só a dele, mas a intenção de muitas pessoas.
Pablo Cristiano
A imagem que mostra o cartaz ajuda na interpretação deixando-o assim mais ilustrativo.
O cartaz deixa explicitamente o que realmente aconteceu em Junho de 2013. A mudança que deixou de ser virtual passou a ser pessoal.
Essa mensagem de desculpas acredito eu, que são para os estrangeiros que visitam o país no momento e os que vieram para ficar. Mas esses manifestos e/ou movimentos tinham em comum alguns objetivos: melhorar o país, ouvir o que as pessoas têm a reclamar, etc.
Matheus Gustavo dos Santos e Westyn Fernando Diniz Fernandes
Este cartaz demonstra a insatisfação com a realização da Copa Do Mundo no Brasil em 2014. Esse grande movimento que motivou a população brasileira a irem às ruas foi, na maioria dos casos, em relação à copa do mundo. Centenas ou milhares de pessoas saíram nas ruas com esse tipo de cartaz de forma irônica para chamar a atenção dos governantes.
Como sabemos, foram investidos bilhões de reais na construção de estádios, reformas nas cidades que sediariam os jogos, além de desvios absurdos que aconteceram nesse período. O pior dessa situação foi que, o dinheiro que foi desviado saiu do nosso “bolso”.
Se pelo menos a metade do que foi gasto nesta Copa Do Mundo fosse investido na saúde e na educação com certeza haveria avanços na sociedade brasileira, não estaríamos passando por situações desagradáveis como: esperar dias para conseguir um leito na U.T.I, ficar em macas ou no chão nos corredores dos hospitais, teríamos carteiras para os alunos estudarem, uma merenda adequada, etc.
O cartaz acima mostra a insatisfação, revolta e a falta de valorização do principal profissional na vida de uma pessoa, o professor. Em nosso país em fase de crescimento, a nação valoriza muito mais um jogador de futebol, que nem sabe da existência destas, do que seu professor (professores em geral) que está ao seu lado preocupado se você terá uma boa formação, não só de conhecimento sobre os acontecimentos do mundo, mas com a formação de seu caráter.
A pessoa que ensina a base de todas as profissões que existe, no Brasil, é tratada com desprezo, desrespeito não recebe um salário digno de sua profissão, além de muitas vezes sofrerem violência verbal e agressiva de seus alunos, os quais ela está ali para ensinar as regras de uma sociedade justa, igualitária, sem descriminação e direitos iguais a todos, o que sabemos que não acontece nesse meio.
Quando o professor receber um bom salário, for tratado com dignidade e respeito por todos teremos uma sociedade muito melhor do que a atual, que está praticamente “perdida”.
Ana Elza do Nascimento
Bruna de Assis da Silva
O Cartaz abaixo refere-se às manifestações do dia 6 de junho de 2013, na cidade de São Paulo. O intuito era protestar contra o aumento da tarifa de ônibus.
Destacando que as reivindicações iniciaram nas Redes Sociais, como Twitter e Facebook.
Dessa forma, a notícia foi se propagando nos meios de comunicação e vista por vários usuários, nos quais também foram atrás de seus direitos e objetivos.
Veiculado por meio da mídia, as manifestações ampliaram-se por todo país, expondo diferentes opiniões de diversos lugares do país e do mundo, enquanto os jornais e revistas expressavam fatos específicos, ou seja, os fatos que os beneficiavam, muitas vezes escondiam o que realmente estava acontecendo.
A faixa abaixo refere-se ao pedido de investimento em saúde e educação e questiona a realização da Copa, este cartaz é do dia 26 de junho de 2013.
Este cartaz faz parte de um manifesto que reuniu centenas de pessoas que foram às ruas exigir mudanças e questionar o fato da Copa ser no Brasil, sendo que o país na época não tinha condições de receber turistas e nem terminar as obras que ainda se iniciariam para o evento.
E que a sociedade, na maioria das vezes, se questionava o “PORQUE?”, a Copa se realizaria num país no qual a educação, saúde, infraestrutura e qualidade de vida estavam precárias, e que o dinheiro que seria para esses fins, na realidade estava sendo utilizado na construção de estádios, os quais só seriam usufruídos na Copa. E que também, a sociedade não estava a fim de viver num padrão de vida, que apenas beneficiava o governo, que diz ao famoso “Padrão FIFA”.
Anderson e Lorena Demellas
Este cartaz foi produzido no manifesto de 2013, com ênfase na corrupção que ocorreu na construção dos estádios para a copa. O cartaz retrata a revolta da população “massa” sobre os gastos muito elevado nessas construções e falta de investimento na área da saúde pública, um verdadeiro caos para a população mais pobre da sociedade, que não tem condição de pagar um hospital particular. O Brasil está mais preocupado em construir estádios para copa do que investir na saúde.
VOCÊ AÍ FARDADO TAMBÉM É EXPLORADO
O cartaz faz uma crítica a polícia sobre as agressões que estavam ocorrendo durante as manifestações, o objetivo dessas agressões era assustar e reprimir a população que estavam indo atrás de seus direitos e desaprovando os gastos desnecessários nas construções padrão FIFA e no aumento da tarifa de ônibus que foi o primeiro motivo para as manifestações, que desencadeou a grande massa, reivindicando todos os seus direitos.
Lucas Durigan Veronese
O cartaz relata a seguinte frase: ‘’Brasil vamos acordar o professor vale + que o Neymar’’ isso mostra que a mídia de hoje em dia esta influenciando demais o futebol tanto o brasileiro tanto o do exterior, nossas mídias destacam demais os jogadores o que acaba desviando a atenção da população ou seja eles usam o futebol como estratégia para ‘’nós’’ brasileiros ‘’esquecermos dos problemas’’ o que a maioria das vezes acaba funcionando.
Bom mais qual e o significado desse cartaz?
Esse cartaz quer mostrar que o futuro da educação são com os professores ou seja os mestres que passam seu conhecimentos para alunos não só para alunos mais todos que buscam o conhecimento por meio deles.
Também reconhecemos o valor que o jogador profissional ‘’Neymar’’ tem contribuído para a alegria dos brasileiros, mas não é o futebol que vai mudar a geração do país e sim escolas, hospitais e uma boa qualidade de vida social.
O cartaz relata a seguinte frase: ‘’Mãe, desculpa! Deixei o quarto bagunçado para arrumar o PAÍS”.
Esse cartaz mostra que não são só a classe adulta ou mais velha que se importa com a mudança do ‘’nosso’’ Brasil mais sim todas as classes. Essa frase envolve uma ironia dos jovens de hoje, mas uma ironia com um afeto em relação as mães de hoje.
Bom mais oque e essa ironia?
Essa ironia é que a ‘’maioria’’ dos jovens passa muito tempo acordados, ou até mesmo são sedentários, ou seja, têm ‘’preguiça’’ de executar
Luiz Henrique Vetorelo Costa
Nesses tipos de manifestações, muitas pessoas querem saber de seus direitos como cidadãos. Vândalos entram no meio desses manifestos para depredar e tumultuar as ruas. Para tentar conter esses atos, policiais usam vários artefatos como, gases irritantes, cassetetes, e até balas de borracha. Nesse cartaz vêm à ênfase “odeio bala de borracha, joga um halls”, manifestantes inocentes acabam sendo atingidos pelos policiais.
Hoje em dia, todos os manifestos são filmados, ou pela mídia ou pelos próprios manifestantes. Em manifestos pacíficos vários policiais apenas observam, mas em manifestos onde ocorre vandalismo, os policiais atacam todos que estão nas ruas, e a gravação é uma forma de mostrar para todos o que os policiais realmente fazem nas ruas. Muitas pessoas usam as filmagens para denunciar policiais que agridem e até matam manifestantes pacíficos e também vândalos.
CONSIDERAÇÕES
Com o objetivo atingido, a análise das características discursivas dos cartazes dos manifestos sociais de 2013 propiciou aos participantes do evento a interação aos mais diversos gêneros do discurso, a hipertextualidade e aportes teóricos que fundamentaram as análises aos contextos históricos das manifestações realizadas no país, de forma geral, com a realidade social do município de Juína. Interpretaram-se as linguagens dos protestos em consonância com o gênero cartaz a partir de análise discursiva e assim, foram produzidos textos por meio de multimodalidades que foram postadas em site criado com esse objetivo.
O trabalho sobre a análise discursiva dos cartazes das manifestações sociais brasileiras de junho de 2013” teve como meta atingida a política de ensino de língua portuguesa, baseada no Modelo Autônomo de Letramento, direcionado às práticas sociais que destacam o papel da língua na constituição das relações, identidades e valores com interação de boa qualidade entre os educadores e educandos, por meio do projeto extracurricular que se aproximou da comunidade e também com as atuais demandas de ensino.
[1] Disponível em:<https://www.eitapiula.com.br/eitapiulanet/manifestacoes-brasil-2013-os-cartazes-mais-criativos-inteligentes-e-exoticos/>. Acesso em: 25/09/2014.
[2] Disponível em:<https://www.espn.com.br/noticia/337291_dez-mil-manifestantes-ja-tomam-arredores-do-castelao-palco-do-jogo-do-brasil>. Acesso em: 25/09/2014.